Quilombo Vivo: Celebração do Dia Internacional da África no Quilombo do Mineiro Pau

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No dia 25 de maio de 2025, data instituída em 1963 com a criação da Organização da Unidade Africana e reconhecida pela ONU em 2002 como o Dia Internacional da África, a Obra Social Filhos da Razão e Justiça (OSFRJ) reuniu sua comunidade no Quilombo do Mineiro Pau para celebrar a ancestralidade africana e reforçar a importância da resistência negra. A escolha deste dia não é apenas simbólica: ela remete à histórica união dos povos africanos na busca por liberdade e dignidade, convidando cada um de nós a renovar o compromisso com a preservação de nossas raízes e com a construção de um futuro de justiça e igualdade.  Confira a programação do evento a seguir.

 

 

Com o tema “Ancestralidade que alimenta o futuro — Da África ao Quilombo: Caminhos de Esperança”, as atividades do dia foram estruturadas para conectar história, arte e luta. Na chegada, as primeiras pessoas foram recebidas com um café preparado especialmente para a ocasião; esse momento de acolhida favoreceu novas amizades, cumprimentos calorosos e o fortalecimento dos laços de afeto.

 

 

Em seguida, deu-se início à roda de conversa que manteve o clima de diálogo e aprendizagem. Em grande círculo sobre o terreiro, os convidados compartilharam reflexões que atravessaram gerações. Entre os participantes estavam Regina Coeli, Keila Gomes, Aline Borges, Dominique Mattos, Jorge Freire e Fabricius Caravana, que dividiram suas trajetórias de vida e experiências coletivas em processos de educação antirracista e no enfrentamento ao racismo. Além disso, neste evento a OSFRJ escolheu homenagear Eliana Madeira, uma grande referência para a comunidade e a instituição. 

 

 

Logo após, foi servido um almoço especial: rabada com angu e batatas, pratos inspirados na culinária de origem africana que aqueceram a memória ancestral do paladar. Como se tratou de um almoço beneficente, todo o valor arrecadado foi revertido para cobrir despesas cotidianas da OSFRJ, incluindo a alimentação diária nas atividades e as obras de ampliação do espaço.

 

 

Durante a tarde, demos continuidade às celebrações com apresentações culturais e oficinas diversas em parceria com o SESC. Teve oficina de pintura facial com temática afro e amarração de turbantes, despertando o interesse de crianças, jovens e adultos para expressarem a beleza da cultura negra. Contamos ainda com apresentações do grupo Mariamas e do grupo Capoeira na Praça, além do tradicional coco de roda, com participação especial dos alunos do projeto Afrobetização Musical. Este projeto, executado pela OSFRJ com apoio da Funarte e do Ministério da Cultura, iniciou o primeiro de seus oito módulos de formação musical, sob coordenação da professora Keila Gomes.

 

 

Também estreou o projeto “Recontando a Minha História Preta”. Nessa apresentação, crianças e adolescentes da OSFRJ dramatizaram histórias de heróis e heroínas negros, tendo como pano de fundo a tradição da Dança do Mineiro Pau. Esse projeto é realizado pela OSFRJ com apoio da Fundação Euclides da Cunha, da Universidade Federal Fluminense e do Ministério da Igualdade Racial, reforçando o protagonismo da juventude negra na releitura de suas próprias histórias.

 

 

Encerramos o dia com chave de ouro em nossa tradicional roda de jongo, que reuniu os padrinhos do grupo Sementes D’África, de Barra do Piraí. Em ritmo de festa, saudamos nossa ancestralidade com reverência e alegria, celebrando cada canto e cada passo que mantêm vivas nossas raízes africanas.

 

 

Em um país que frequentemente tenta silenciar vozes negras, o Quilombo do Mineiro Pau e a OSFRJ se reafirmam como refúgios de afirmação identitária e política. Cada oficina de capoeira, cada roda de leitura e cada ateliê de arte são gestos de autonomia e educação antirracista, valorizando saberes de matriz africana. Essas iniciativas formam uma rede de apoio que empodera crianças, jovens e famílias, fortalecendo o enfrentamento ao racismo institucional.

Manter vivo esse quilombo é um ato de resistência ao apagamento histórico. É também construir políticas de base que reverberam no presente e garantem futuro para os povos negros. Agradecemos a cada participante que se juntou a nós neste dia histórico. Que o legado do 25 de maio nos inspire a continuar recontando, reafirmando e reescrevendo nossa história.

O povo preto tem voz. O povo preto tem memória. O povo preto tem futuro. Viva o Dia Internacional da África! Viva o Quilombo do Mineiro Pau! Viva a resistência que nos move!

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